sexta-feira, 12 de março de 2010

Mais um tiro no pé!

Pois bem, seletos,

Essa semana recebemos o anúncio de sensacional presente de Páscoa que nos será entregue pelo Governo Lula: O aumento no imposto de mais de 100 produtos estadunidenses, em retaliação ao subsídio do algodão praticado nas terra do Tio Sam.

Para ilustrar a mente torta e pervertida de nossos ilustres governantes e negociadores, reproduzo abaixo coluna da Sábia Coruja Política de todos eles, José "Mensalão - Banda Larga" Dirceu, encontrada na coluna do Noblat.

O artigo segue de branco, comigo, entrecortando, de azul e itálico.

A defesa dos interesses nacionais

O Brasil adotou postura exemplar nesta semana ao divulgar lista de cerca de 100 produtos norte-americanos que passarão a ser taxados mais severamente quando entrarem no mercado nacional a partir de abril próximo.

A medida é uma retaliação a mais um desrespeito dos Estados Unidos a uma determinação da OMC (Organização Mundial do Comércio) pela redução dos subsídios agrícolas.

Neste caso, o auxílio financeiro desleal dado aos produtores de algodão prejudica severamente os exportadores brasileiros que desejam competir no mercado estadunidense.

Nota 1: Quem são os prejudicados? Resposta em negrito meu acima, mais o Governo Brasileiro, óbvio, por causa dos impostos não coletados com a queda das importações. Note que sequer são todos os exportadores de algodão brasileiros, mas tão somente os que querem exportar para os EUA!

Sabe-se que o algodão é historicamente o segundo na lista dos produtos mais subsidiados nos EUA, atrás apenas do milho. Só em 2005, foram injetados aproximadamente US$ 3,8 bilhões no setor para garantir que o algodão norte-americano pudesse ser vendido até abaixo dos preços de produção.

Nota 2: O que diz respeito apenas aos americanos, especialmente os contribuintes, que vêem seu dinheiro sendo gasto pra subsidiar o algodão ao invés de aplicado em outras áreas. Qual a sugestão do Zé aqui? Que o U$3,8Bi fosse dado para nós? Então não há razão para trazer tais números, exceto dar armas aos que defendem a retaliação. Arma essa que se desmonta com um simples "E daí?".

Por isso, não foi desproporcional, e muito menos impulsiva, a atitude do Governo Lula: a própria OMC autorizou o Brasil a retaliar os EUA em até US$ 830 milhões ao ano.

As taxações divulgadas causam perda aos norte-americanos de “apenas” US$ 560 milhões —por enquanto. O Governo deixa margem para ampliar as sanções caso os americanos continuem subsidiando a produção de algodão e oferece prazo para que Barack Obama se movimente.

Nota 3: Errado! Se os americanos não venderem pro Brasil, vendem pra outro país. Trasferem os investimentos desses produtos para outros que não sejam taxados, enfim, os modos de não ser afetado por isso são inúmeros! Os EUA não negociam APENAS com o Brasil, pelo contrário, nossas importações representam muito pouco perante as exportações dos EUA.

A autorização às retaliações saiu em dezembro de 2009, e o anúncio, feito agora, dá ainda mais um mês para que a Secretaria de Comércio Exterior norte-americana faça uma oferta real ao Brasil.

Quem não tem tanto apreço pelo projeto de um Brasil soberano vem tentando, nos últimos dias, afinar um discurso crítico à atuação do Governo.

Aos poucos, ilações maldosas baseadas apenas na torcida de que nada dê certo para o país vão ganhando espaço nos noticiários: começou com o cálculo grosseiro de que a taxação sobre o trigo norte-americano poderia encarecer o pãozinho brasileiro.

Como disse o próprio ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, puro “terrorismo”; ou “absoluta especulação”, de acordo com a Abip (Associação Brasileira de Indústria de Panificação).

Nota 4: Claro que é pura especulação... afinal o Brasil é autossuficiente em Trigo, certo Zé? Não. Errado! Nós plantamos soja, e importamos quase todo o trigo consumido no país, em geral, da Argentina. Das duas uma: ou o trigo taxado é irrelevante, ou teremos de importar mais da Argentina, se los hermanos tiverem condições de atender a demanda.

Depois, evoluiu para outro malabarismo matemático: a previsão de aumento da taxa de juros para conter um fictício efeito inflacionário sobre o preço de produtos afetados pela retaliação.

Se não forem frutos de má-fé, tais afirmações vêm do desconhecimento do processo de retaliação, pois o Governo Lula selecionou justamente aqueles produtos [que (sic)] estão em condições de serem substituídos por outros importados ou mesmo nacionais.

Ou seja, a escolha foi cuidadosa, para retaliar sem provocar efeitos negativos na economia brasileira.

Nota 5: Lei da oferta e da procura, o seu Zé já ouviu falar? Nossa indústria não vai se tornar mais competitiva por causa do aumento das taxas. Ela vai aumentar os preços sim, obviamente, menos do que a taxa, para ganhar competitividade, mas vai aumentar o preço.

Além disso, ao sobretaxar outros setores da economia americana, a pressão pela redução dos subsídios aos produtores de algodão passa a vir não apenas do Brasil e da OMC, órgão que o governo norte-americano ignora solenemente há décadas.

Virá de seu próprio quintal, daqueles setores que, por conta da teimosia do governo estadunidense, perdem mercado no Brasil —e que incluem gigantes combalidos como o automobilístico e o de químicos e cosméticos.

Nota 6: As fábricas de automóveis estadunidenses possuem fábricas em solo nacional. E se não venderem pra cá, vendem pra China, vendem pra Índia, enfim, vendem para um monte de outros países que não tenham essas taxas. Aqui, só ficamos com o aumento resultante dos preços.

O quadro pode se tornar mais grave se as negociações continuarem atravancadas, já que o próximo passo é dar início a retaliações no setor da propriedade intelectual.

Alternativa especialmente interessante se os cerca de US$ 270 milhões em sansões que o governo ainda tem o direito de aplicar forem destinados, por exemplo, às milionárias patentes de medicamentos.

Nota 7: Claro, claro. Os remédios que a população brasileira consome ficarem mais caros é prejuízo para os americanos! Obviamente, isso vem do fato de não podermos quantificar em dinheiro o preço da saúde e da vida dos brasileiros a serem afetados.

A solução do problema é vantagem até para Obama, já que os subsídios foram assunto sério durante a última campanha presidencial e são objeto de protesto até por parte dos setores mais à direita naquele país.

O “think tank” conservador Heritage realizou um levantamento, em 2002, que demonstra que naquele ano 65% dos subsídios distribuídos pelo governo foram destinados aos 10% mais ricos entre os produtores agrícolas —grandes empresas, com estrutura massiva de produção e plena capacidade de encarar o mercado sem ajuda estatal. A agricultura familiar ficou com meros 19% dos subsídios.

Nota 8: O que diz respeito única e exclusivamente aos contribuintes daquele país. Como se aqui no Brasil, os pobres estivessem sendo mais beneficiados que os ricos (Índice Gini, de desigualdade nos diz isso). Como se os bancos brasileiros não batessem recorde atrás de recorde de lucro, as leis não fossem mudadas apenas para beneficiar esta ou aquela empresa (Oi comprando a BrT), enfim.

Ao retaliar os EUA, o Governo Lula age sem negligenciar em nenhum momento o debate democrático com Washington para chegar a uma solução pacífica. Mas age, igualmente, com firmeza na defesa dos interesses nacionais.

Nota 9: Retomemos a Nota 1. Quem foram os prejudicados mesmo? O Governo e os produtores de algodão do Brasil que querem exportar pro EUA. O Zé esqueceu de citar o Governo. Quem são os beneficiados com a retalilação? O Governo, e os produtores brasileiros e internacionais dos produtos sobretaxados. Quem paga o pato? Os produtores americanos dos produtos sobretaxados - em parte, pois podem vender para outros mercados, e, principalmente, os consumidores brasileiros. Cadê a reparação dos exportadores de algodão brasileiros pros EUA?? Não tem!

José Dirceu, 63, é advogado e ex-ministro da Casa Civil, "consultor e lobista", está sem direitos políticos por ter sido cassado, acusado pelo MP de chefia do Mensalão e envolvido até a testa no recente escândalo da Eletronet.


Sinceramente, eu esperava mais do Seu Zé. Um amigo diz que se você conversar com o Dirceu ele é capaz de te convencer de que você é uma coruja! mas, desde que ele subestimou a "raposa velha da política", Roberto Jefferson (que tentou posar de Dimas, o bom ladrão) e acabou premiado com a cassação, passei a desconfiar de sua retórica.

Só existem duas soluções que resolvem os problemas de todos os afetados: Ou a OMC força a redução das taxas de importação, lá, para os produtores daqui (poder que ela não tem, e vantagem que não se justifica... teria de ser para o algodão de TODO MUNDO,já que o subsídio não é pro algodão que CONCORRE COM O DO BRASIL e sim pro que é produzido lá) ou, derruba os subsídios deles (poder que ela também não tem). Do que resulta que a solução deve ser negociada. A terceira opção, a menos pior, seria dar uma subsidiada pros produtores brasileiros, mas nesse caso, só um dos afetados é beneficiado (os exportadores de algodão), o Governo preferiu a saída que só o outro dos afetados tem benefícios, ele próprio. Esse é o nosso Brasil!


A quem quiser mais informações, sugiro a leitura do seguinte artigo: A versão bronzeada da Lei de Talião

PS: Juro que não tinha lido essa matéria da CBN "Retaliação: aumentar alíquota de importação é tiro no pé"




Sem mais, um forte abraço do Profeta!

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